
Ingrid Furtado - Estado de Minas
Cuidadora de idosos transforma casa em centro de estudos e conta com a ajuda da comunidade para oferecer um Natal mais alegre a 700 crianças da Região Norte de BH
Doações permitem a Vanilda de Jesus fazer uma grande festa para meninos e meninas do Bairro Paquetá
Doação e renuncia são atitudes comuns e bem-vindas no período natalino. Mas há aqueles que guardam essas duas palavras bem junto do coração e da memória, e aproveitam cada minuto do ano para presentear pessoas com boas ações. Em um barracão no Bairro Paquetá, na Região Norte de Belo Horizonte, são atendidas diariamente cerca de 130 crianças com alimentos, livros, carinho e atenção. A responsável pela iniciativa, a cuidadora de idosos Vanilda de Jesus Pereira, de 45 anos, diz que doar parte de seu imóvel para ajudar estudantes da Vila Paquetá a conquistarem melhor formação educacional e lazer foi a maneira que encontrou para se sentir útil.
E o Natal deste ano reserva momentos especiais para a criançada do local: mais de 700 cartinhas endereçadas ao Papai Noel foram distribuídas na comunidade. Apesar de ainda faltarem 50 textos para ser apadrinhados, Vanilda não pensa duas vezes: “Se não conseguirmos, vamos fazer uma vaquinha e comprar material escolar, pois a maioria das crianças pediu lápis de cor e cadernos. Fazemos o que é possível”, diz.
Ao lado de Vanilda estão 18 voluntários, entre geógrafo (que dá aulas de inglês e geografia), um médico, advogado, cozinheiras, e professoras de aula de reforço, que ajudam alunos do ensino fundamental e jovens que desejam fazer vestibular. Vanilda conta que morava no aglomerado do Bairro São Francisco, na Região Noroeste da capital, onde a primeira biblioteca funcionava, também em sua casa. Depois de vários anos de atuação, em 2005, ela foi retirada do local e indenizada pela prefeitura, por causa das obras de ampliação da Avenida Antônio Carlos.
Como o dinheiro não dava para comprar uma casa pronta, ela conta que comprou um lote no Bairro Paquetá e morava de aluguel no Céu Azul. Com o tempo, foi construindo um barracão, que mesmo sem estar finalizado, já conta com seis cômodos na parte inferior do imóvel. Neste lugar, a comunidade encontra um acervo de mais de 14 mil livros, sala de informática, dois banheiros e sala da aula que funciona o ano todo. Ela adianta que em um deles vai instalar uma oficina de costura. “Posso mudar até de casa, mas carrego a biblioteca para onde vou”, diz.
O dia-a-dia é corrido. A biblioteca, como Vanilda gosta de chamar o lugar, abre por volta das 6h e fecha somente à noite, quando inicia a alfabetização de adultos. De manhã, a meninada toma leite com achocolatado, bolo, pão ou torradas. No horário do almoço, mais comida gostosa: arroz, feijão, legumes, soja e ovos. “Muitas crianças que participam da iniciativa não têm comida em casa ou quem faça para elas. Percebo que a alimentação é um atrativo para a meninada. Pais que não têm onde deixar os filhos também usam a biblioteca como um alento. Assim, em vez de estarem na rua, descobrem na leitura uma forma de lazer. É muito gratificante isso tudo”, observa.
Recorde
Vanilda conta que trabalha à noite em casas de família cuidando de idosos e também como maquiadora fúnebre. Ela afirma que não é cobrada taxa para a permanência das crianças e sua iniciativa vive também de doações. “Trabalho durante a noite e madrugada, à tarde durmo um pouco. Com o dinheiro que recebo, não tenho a mínima condição de comprar tanto alimento. Por isso, vivemos de doação. Ganhamos todos os livros, a comida e brinquedos também. Levamos os livros repetidos para outras entidades e acabamos criando bibliotecas como a nossa, todas em casas de acolhimento. Já temos sucursais nos bairros Garças, Céu Azul e Lagoinha, dentro da favela Bispo Mauro, e em Lagoa Santa. Arroz, feijão e legumes que sobram, fazemos um kit e doamos para as famílias”, conta.
Ela diz que as cartinhas escritas e desenhadas para o Papai Noel bateram o recorde esse ano, com 700 unidades. “Com as desapropriações ocorridas no Bairro São Francisco, muitas famílias mudaram para o interior e Grande BH. Mas as crianças que já estavam acostumadas a escrever para o Papai Noel continuaram a mandar os pedidos. Esperamos que todas as 50 cartas restantes sejam apadrinhadas. Mas se o presente chegar mais tarde, não tem problema. Vamos entregar do mesmo jeito”, afirma. Sem se considerar um “Papai Noel o ano todo”, ela acredita que faz apenas o que está ao seu alcance. Interessados em ajudar podem ligar para (31) 9628-6705.
Um comentário:
fala galeraa...
Bacana essa instituição! que historia.
Boa sorte pra vcs aee no trabalho.
comentem la no meu blog plz
voluntarios31b.blogspot.com
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